RESUMEN
O uso do diamino fluoreto de prata (DFP) em lesões não fracamente cavitadas raramente é investigado. Esta dissertação apresenta resultados de um ensaio clínico controlado randomizado (ECR) delineado para avaliar se o DFP seria uma opção eficaz ao verniz fluoretado no tratamento dessas lesões na superfície oclusal de molares decíduos (NCT02789202). Além disso, trouxemos os resultados de uma revisão sistemática com meta-análise (CRD42020186245) sobre a percepção de responsáveis em relação ao uso do DFP e os resultado do ensaio sobre a aceitação deles ao tratamento de lesões de cárie não francamente cavitadas com DFP em crianças. No Capítulo 1, 109 crianças de 1 a 4 anos com pelo menos uma lesão de cárie ativa (ICDAS 1 a 3) em molares decíduos foram randomizadas em DFP e verniz fluoretado e acompanhadas por 24 meses. Análises por intenção de tratar adotando regressão logística multinível e regressão de Cox com fragilidade compartilhada foram realizadas. 309 molares foram incluídos e 239 reavaliados. DFP preveniu mais progressão (91%) do que o verniz (81%). As lesões tratadas com DFP apresentaram, em media, 69% menos chance de progressão quando o modelo foi ajustado pela severidade (lesões iniciais vs microcavitadas). A progressão demorou mais para ocorrer no grupo do DFP. Para o Capítulo 2, foi realizada uma busca nas bases de dados MEDLINE, Scopus, Web of Science, Embase e Open Grey até maio de 2020. Foram incluídos ECR, estudos clínicos não randomizados e estudos observacionais que avaliaram a percepção de responsáveis sobre compostos de prata no tratamento de lesões de cárie. O risco de viés foi avaliado utilizando uma ferramenta específica para estudos de atitutes e práticas. Para a meta-análise, os estudos foram separados considerando se os entrevistados receberam o DFP como tratamento de seus filhos ou não e se foram obtidos quanto a satisfação geral ou quanto, especificamente, a descoloração. Análises de subgrupo e meta-regressão foram realizadas para avaliar a influência de variáveis associadas ao instrumento na percepção e explorar possíveis fontes de heterogeneidade. 19 estudos foram incluídos na revisão sistemática e 12 na metaanálise. A aceitação geral do tratamento foi de moderada a bem aceita (26.9% a 100%) e variou de acordo com a metodologia utilizada. Em geral, responsáveis responderam mais positivamente quando a criança recebeu o tratamento (90%) do que quando a aplicação foi mostrada com uma foto (59%). Por fim, avaliou-se a percepção dos responsáveis sobre a saúde e estética em crianças que tiveram lesões em esmalte tratadas com DFP (Capítulo 3). Crianças incluídas em três ECR que tiveram as lesões em esmalte tratadas com DFP ou não foram consideradas. Um questionário padrão foi utilizado. Primeiramente, avaliamos a percepção geral e, em seguida, focada nos dentes tratados. Análise multiníveis foram realizadas para comparar a percepção de responsáveis de crianças tratadas vs não tratadas com DFP. Os níveis foram definidos conforme o dente e a criança/responsável. O tratamento com DFP não afetou a percepção geral dos responsáveis sobre as condições estética e de saúde bucal relacionadas a criança (85%). No entanto, quando a avaliação foi focada no dente tratado, a percepção naquelas crianças que receberam tratamento com DFP foi pior do que naquelas que não receberam. Concluindo, o DFP é uma opção eficaz no controle de lesões de cárie não francamente cavitadas. Além disso, geralmente, parece ser aceito de maneira adequada pelos cuidadores. No entanto, um padrão diferente de aceitação é observada quando destacamos o dente tratado, mostrando que a educação/informação é uma questão importante na indicação desse tratamento em crianças.
Asunto(s)
Cariostáticos , Eficacia , Odontología Pediátrica , Caries DentalRESUMEN
O uso do diamino fluoreto de prata (DFP) em lesões não fracamente cavitadas raramente é investigado. Esta dissertação apresenta resultados de um ensaio clínico controlado randomizado (ECR) delineado para avaliar se o DFP seria uma opção eficaz ao verniz fluoretado no tratamento dessas lesões na superfície oclusal de molares decíduos (NCT02789202). Além disso, trouxemos os resultados de uma revisão sistemática com meta-análise (CRD42020186245) sobre a percepção de responsáveis em relação ao uso do DFP e os resultado do ensaio sobre a aceitação deles ao tratamento de lesões de cárie não francamente cavitadas com DFP em crianças. No Capítulo 1, 109 crianças de 1 a 4 anos com pelo menos uma lesão de cárie ativa (ICDAS 1 a 3) em molares decíduos foram randomizadas em DFP e verniz fluoretado e acompanhadas por 24 meses. Análises por intenção de tratar adotando regressão logística multinível e regressão de Cox com fragilidade compartilhada foram realizadas. 309 molares foram incluídos e 239 reavaliados. DFP preveniu mais progressão (91%) do que o verniz (81%). As lesões tratadas com DFP apresentaram, em media, 69% menos chance de progressão quando o modelo foi ajustado pela severidade (lesões iniciais vs microcavitadas). A progressão demorou mais para ocorrer no grupo do DFP. Para o Capítulo 2, foi realizada uma busca nas bases de dados MEDLINE, Scopus, Web of Science, Embase e Open Grey até maio de 2020. Foram incluídos ECR, estudos clínicos não randomizados e estudos observacionais que avaliaram a percepção de responsáveis sobre compostos de prata no tratamento de lesões de cárie. O risco de viés foi avaliado utilizando uma ferramenta específica para estudos de atitutes e práticas. Para a meta-análise, os estudos foram separados considerando se os entrevistados receberam o DFP como tratamento de seus filhos ou não e se foram obtidos quanto a satisfação geral ou quanto, especificamente, a descoloração. Análises de subgrupo e meta-regressão foram realizadas para avaliar a influência de variáveis associadas ao instrumento na percepção e explorar possíveis fontes de heterogeneidade. 19 estudos foram incluídos na revisão sistemática e 12 na metaanálise. A aceitação geral do tratamento foi de moderada a bem aceita (26.9% a 100%) e variou de acordo com a metodologia utilizada. Em geral, responsáveis responderam mais positivamente quando a criança recebeu o tratamento (90%) do que quando a aplicação foi mostrada com uma foto (59%). Por fim, avaliou-se a percepção dos responsáveis sobre a saúde e estética em crianças que tiveram lesões em esmalte tratadas com DFP (Capítulo 3). Crianças incluídas em três ECR que tiveram as lesões em esmalte tratadas com DFP ou não foram consideradas. Um questionário padrão foi utilizado. Primeiramente, avaliamos a percepção geral e, em seguida, focada nos dentes tratados. Análise multiníveis foram realizadas para comparar a percepção de responsáveis de crianças tratadas vs não tratadas com DFP. Os níveis foram definidos conforme o dente e a criança/responsável. O tratamento com DFP não afetou a percepção geral dos responsáveis sobre as condições estética e de saúde bucal relacionadas a criança (85%). No entanto, quando a avaliação foi focada no dente tratado, a percepção naquelas crianças que receberam tratamento com DFP foi pior do que naquelas que não receberam. Concluindo, o DFP é uma opção eficaz no controle de lesões de cárie não francamente cavitadas. Além disso, geralmente, parece ser aceito de maneira adequada pelos cuidadores. No entanto, um padrão diferente de aceitação é observada quando destacamos o dente tratado, mostrando que a educação/informação é uma questão importante na indicação desse tratamento em crianças.
Asunto(s)
Cariostáticos , Eficacia , Odontología Pediátrica , Caries DentalRESUMEN
BACKGROUND: Different approaches have been used by dentists to base their decision. Among them, there are the aesthetical issues that may lead to more interventionist approaches. Indeed, using a more interventionist strategy (the World Dental Federation - FDI), more replacements tend to be indicated than using a minimally invasive one (based on the Caries Around Restorations and Sealants-CARS). Since the resources related to the long-term health effects of these strategies have not been explored, the economic impact of using the less-invasive strategy is still uncertain. Thus, this health economic analysis plan aims to describe methodologic approaches for conducting a trial-based economic evaluation that aims to assess whether a minimally invasive strategy is more efficient in allocating resources than the conventional strategy for managing restorations in primary teeth and extrapolating these findings to a longer time horizon. METHODS: A trial-based economic evaluation will be conducted, including three cost-effectiveness analyses (CEA) and one cost-utility analysis (CUA). These analyses will be based on the main trial (CARDEC-03/ NCT03520309 ), in which children aged 3 to 10 were included and randomized to one of the diagnostic strategies (based on FDI or CARS). An examiner will assess children's restorations using the randomized strategy, and treatment will be recommended according to the same criteria. The time horizon for this study is 2 years, and we will adopt the societal perspective. The average costs per child for 24 months will be calculated. Three different cost-effectiveness analyses (CEA) will be performed. For CEAs, the effects will be the number of operative interventions (primary CEA analysis), the time to these new interventions, the percentage of patients who did not need new interventions in the follow-up, and changes in children's oral health-related quality of life (secondary analyses). For CUA, the effect will be tooth-related quality-adjusted life years (QALYs). Intention-to-treat analyses will be conducted. Finally, we will assess the difference when using the minimally invasive strategy for each health effect (∆effect) compared to the conventional strategy (based on FDI) as the reference strategy. The same will be calculated for related costs (∆cost). The discount rate of 5% will be applied for costs and effects. We will perform deterministic and probabilistic sensitivity analyses to handle uncertainties. The net benefit will be calculated, and acceptability curves plotted using different willingness-to-pay thresholds. Using Markov models, a longer-term economic evaluation will be carried out with trial results extrapolated over a primary tooth lifetime horizon. DISCUSSION: The main trial is ongoing, and data collection is still not finished. Therefore, economic evaluation has not commenced. We hypothesize that conventional strategy will be associated with more need for replacements of restorations in primary molars. These replacements may lead to more reinterventions, leading to higher costs after 2 years. The health effects will be a crucial aspect to take into account when deciding whether the minimally invasive strategy will be more efficient in allocating resources than the conventional strategy when considering the management of restorations in primary teeth. Finally, patients/parents preferences and consequent utility values may also influence this final conclusion about the economic aspects of implementing the minimally invasive approach for managing restorations in clinical practice. Therefore, these trial-based economic evaluations may bring actual evidence of the economic impact of such interventions. TRIAL REGISTRATION: NCT03520309 . Registered May 9, 2018. Economic evaluations (the focus of this plan) are not initiated at the moment.
